São Vicente está a emergir como região agrícola e quer, à semelhança das outras ilhas, ter a sua barragem. O pedido de financiamento para o estudo de viabilidade da infra-estrutura já foi submetido pelo Governo ao Fundo Koweit que deverá emitir uma resposta ainda neste 1º trimestre de 2014. A delegada do Ministério do Desenvolvimento Rural, Janaína Almeida, destaca, por sua vez, os investimentos que a tutela vem fazendo para mobilizar mais água e modernizar a agricultura em S. Vicente, por acreditar no potencial agro-pecuário da ilha.
Os ensaios de bombagem feitos nos furos de Curral de Tortolho, Ribeira de Vinha, Fio d´Pedra, Fundo Moco, Madeiral e Alves Martins confirmaram a existência de uma expressiva quantidade de água no sub-solo de São Vicente, o suficiente para provocar uma revolução na actividade agro-pecuária da ilha. As expectativas, que já eram elevadas durante a campanha de perfuração, acabam de ser confirmadas. “Os ensaios de bombagem aconteceram durante o mês de Fevereiro e início de Março de 2014 nos furos considerados produtivos na campanha de perfuração de 2012. Entretanto havia necessidade de certificar a qualidade da água para a prática da agricultura e a criação de animais”, informa Janaína Almeida.
A delegada do MDR explica que o plano inicial previa a realização de testes de bombagem apenas nos furos produtivos, por causa dos custos. Porém, o ministério fez um esforço e realizou ensaios num furo de Tchon d´Holanda. “A probabilidade de encontrar água nesse furo era mínima. Mesmo assim, tendo em conta a importância desta zona onde, além do perímetro agrícola de 30 lotes de terreno irrigado, a criação de caprinos e suínos é expressiva, decidimos realizar os testes. Mas os resultados ficaram aquém das nossas expectativas”. Já no Curral de Tortolho foi identificado um caudal de 8 toneladas de água por hora. O mesmo aconteceu com os furos de Fundo Moco, que produzem 6,5 e 5 toneladas de água/hora, enquanto o de Madeiral chega a 7 toneladas. “A água é de boa qualidade, ou seja, com um nível de salinidade compativel com a prática da agricultura e a criação de animais”, pontua Janaína Almeida.
Os agricultores e criadores não escondem a sua alegria. A descoberta de água vai ter grande impacto na sua actividade. “As campanhas de perfuração bem como os ensaios de bombagem são actividades de custo elevado, cerca de 20 mil contos. Mas o MDR elegeu a mobilização de água como um dos pilares para o desenvolvimento da agro-pecuária. Recursos foram mobilizados para aumentar a disponibilidade de água em S. Vicente e os resultados estão à vista. Hoje temos mais água, que pode ser utilizada na modernização da agricultura, designadamente na implementação de estufas (cultivo protegido) e hidroponia, no aumento das áreas irrigadas com recurso à micro-irrigação. Tudo isso contribuirá para a redução dos custos de produção”.
O objectivo destes investimentos é aumentar sistematicamente a área irrigada, afirma a delegada do MDR. Em 2012 São Vicente dispunha de 74 hectares de área irrigada com recurso ao gota-a-gota. Em 2013, chegou aos 78 hectares, sem contar as três estufas de 516 metros quadrados cada que estão a ser implementadas. “São Vicente possui actualmente 78 hectares de área irrigada, mais 1.548 metros quadrados de estufas, totalizando 79,5 hectares de terreno irrigado com recurso à rega gota-a-gota”, congratula-se Janaína Almeida.
Hoje a Associação de Criadores de Gado de Curral de Tortolho já perspectiva, junto com o Ministério do Desenvolvimento Rural, transformar a zona num espaço de excelência para a criação de animais, conjugado com projectos privados de hidroponia e cultivo protegido. “Isto é possível porque temos mais água disponível. O MDR pondera canalizar parte da água de Curral de Tortolho para Tchon d´Holanda, onde existe um déficit de água para a criação de animais”, diz a delegada do MDR.
São resultados que fazem Janaína Almeida acreditar que São Vicente já é uma ilha agrícola. E, como sublinha essa fonte do MDR, nada surge por acaso: nos últimos três anos, a tutela investiu mais de 67 mil contos em projectos que beneficiam as comunidades rurais: construiu reservatórios, instalou equipamentos de rega e bombagem, fez furos, ensaios, formou e sensibilizou técnicos e agricultores.
Governo vai construir mini-barragem em Mato Inglês
O Governo pretende construir uma mini-barragem na bacia hidrográfica de Mato Inglês, em São Vicente. O pedido de financiamento para o estudo de viabilidade desta infra-estrutura já foi submetido ao Fundo Koweit como parte de um pacote que inclui mais duas barragens para Santo Antão. A instituição financeira deverá pronunciar-se sobre o financiamento ainda este mês de Março.
As expectativas são elevadas, sobretudo depois de uma equipa técnica nacional ter estado em São Vicente e Santo Antão para visitar os locais onde as barragens poderão vir a ser construídas. No caso de São Vicente, a escolha recai sobre a bacia de Mato Inglês, que na época das chuvas transforma-se num grande lago.
A concretizar-se a construção desta barragem, o MDR dará um passo importante na mobilização de água em São Vicente, factor essencial para que a ilha desabroche todo o seu potencial agro-pecuário.
Constânça de Pina
FONTE: ASEMANA - http://www.asemana.publ.cv
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