Um inquérito solicitado pelo Ministro da Justiça, José Carlos Correia, e dirigido pelo Procurador da República Vital Moeda, poderá fazer rolar cabeças na Cadeia Central da Ribeirinha e abalar o próprio sistema penitenciário nacional. As suspeitas apontam para um esquema de corrupção instalado na prisão central de São Vicente e que envolve, por enquanto, o Director Manuel Cândido, guardas prisionais e os reclusos Zé Pote, Lígia Furtado e José Carlos – condenados por narcotráfico, associação criminosa e lavagem de capitais, em Outubro de 2009.
Manuel Cândido é suspeito de conceder regalias aos três prisioneiros, que incluem uso abusivo de telefone, acesso à internet, saídas dos reclusos para compras fora da prisão em viaturas do serviço penitenciário, entre outras benesses. Corre ainda o rumor de que Manuel Cândido mantinha uma relação amorosa com Lígia Furtado e que, à custa disso, a ex-assistente de bordo da TACV saía para fazer compras de roupa e perfumes nas boutiques do Mindelo, quando lhe apetecia.
O inquérito ainda não foi concluído, mas já provocou a suspensão preventiva do Director Manuel Cândido e de mais dois guardas, por indicação do próprio ministro da Justiça. Os visados foram retirados do caminho para não interferirem na investigação, iniciada no passado mês de Dezembro pelo Procurador da República, Vital Moeda. O mesmo magistrado que foi o responsável pelo processo-crime que levou à detenção e condenação de Zé Pote, Lígia, José Jorge, Naiss e Tigana, quando exercia funções na Procuradoria da República da Comarca do Sal.
“De momento, não posso comentar estas informações. Apenas confirmo ter determinado a abertura de um inquérito para se apurar a veracidade de algumas informações que chegaram ao nosso conhecimento, e asseguro que iremos tomar medidas em relação aos funcionários implicados nesta matéria”, limitou-se a dizer o ministro da Justiça José Carlos Correia, quando abordado por este jornal sobre o assunto. O governante confirmou, no entanto, ter sido ele a dar ordens para a suspensão preventiva do Director da Cadeia de S. Vicente, tendo em conta o resultado provisório do inquérito.
Na sequência dessa medida, Fidel Tavares, Director-Geral dos Serviços Penitenciários, deslocou-se propositadamente à cidade do Mindelo – onde permaneceu, desde a semana passada até à última terça-feira, para aplicar a ordem do MJ e substituir Manuel Cândido por José Joaquim Gomes, chefe do Corpo de Agentes Prisionais, na direcção da cadeia de S. Vicente.
“Só para se ter uma ideia, Lígia costumava vir à cidade, no carro da penitenciária, para fazer compras em boutiques; Zé Pote costumava usar o telefone do gabinete do próprio Director quando lhe apetecia; José Jorge tinha acesso à internet quando quisesse”, conta fonte deste jornal.
Confrontados com estas informações, o Procurador da República, Vital Moeda e o Ministro da Justiça, José Carlos Correia, negaram fazer quaisquer comentários, alegando que o assunto está ainda sob investigação. Por sua vez, Fidel Tavares, Director-Geral dos Serviços Penitenciários, abordado telefonicamente sobre os meandros do inquérito, evitou também fazer quaisquer pronunciamentos neste momento.
Os próximos dias prometem ser cruciais para este inquérito. Agora que o caso vazou para a imprensa, provavelmente o Ministério Público será obrigado a acelerar a aplicação de medidas preventivas e que poderão passar pela abertura de processos-crime contra os envolvidos.
FONTE: ASEMANA - http://www.asemana.publ.cv/
15 de Janeiro 2012
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