Os mais de 200 universitários que solicitaram a ajuda da Câmara Municipal de São Vicente para pagarem propinas nas universidades sediadas nessa ilha ainda não obtiveram nenhuma resposta da edilidade. As universidades pressionam e os alunos receiam ter de abandonar os estudos para engrossar a lista de desempregados da ilha. O presidente Augusto Neves admite algum atraso no processo, mas afirma que a edilidade está a fazer tudo para garantir a propina de todos os estudantes que concorreram aos subsídios da autarquia para frequentar o ensino superior.

Augusto Neves explica que tem vindo a reunir-se com as universidades para esclarecer a situação e, sobretudo, estimulá-las a abraçar o projecto de manter os jovens a estudar. “Para a CMSV, apoiar os universitários é um grande investimento. Obviamente que a situação está difícil, mas estamos a fazer tudo para garantir o pagamento das propinas destes jovens. Houve um ligeiro atraso devido às eleições, mas iremos efectuar os pagamentos ainda este mês”, promete o autarca. E o edil não deixa escapar a oportunidade para criticar o Governo que “fixa mensalidades para as câmaras municipais pagarem”.
Mas este é um “sacrifício” que, segundo o edil, esta Câmara assume para evitar outros problemas sociais decorrentes do desemprego. “A CMSV já paga propinas a 434 universitários. Este ano recebemos mais de 200 novos pedidos. Estamos a trabalhar para atender às solicitações desses jovens, desde que preencham os requisitos. As universidades privadas têm sido muito compreensivas. Isso porque se não pagarmos e forem obrigadas a dispensar esses cerca de 500 estudantes ficam sem alunos. A CM desembolsa anualmente mais de 20 mil contos em propinas”, contabiliza.
Sobre o atraso na regularização das propinas, Augusto Neves explica que, para além do processo eleitoral que foi demorado, a Câmara aguarda os dados de outras instituições que também atribuem subsídios, caso da Ficase, para cruzar as informações e evitar que um universitário seja beneficiado duas vezes. “Somos uma CM cumpridora. Neste momento temos um pequeno atraso no pagamento da última prestação das propinas porque ainda estamos a fechar os dossiers que ficaram pendentes por causa das eleições. Vamos regularizar a situação ainda este mês e iniciar novos processos”.
Para o autarca, garantir a Educação é responsabilidade do Governo, que a Câmara assume por dever moral. E, felizmente, conta com uma forte parceria das universidades privadas, que têm concedido descontos entre 20 e 50% do valor das propinas, deduções que são repassadas aos pais e encarregados de Educação, muitos deles desempregados.
“A Uni-CV é a única que pressiona os universitários a pagarem as propinas porque também são coagidos pelos ministérios do Ensino Superior e das Finanças. Paradoxalmente, temos mais diálogo com as universidades privadas. Penso que o governo precisa ser mais flexível”, remata Neves, não sem antes dizer que ainda ninguém viu o Fundo de Garantia Mútua, recentemente criado pelo governo, para apoiar os alunos pobres que frequentam o ensino superior em Cabo Verde. Até porque os pedidos de apoio que chegam à CM são cada vez em maior número.
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