"O grogue de Santo Antão é uma febre de 40 graus porque tem péssima qualidade", diz o jornal francês "Libération", através de um artigo publicado esta semana. A mesma reportagem diz ainda que o produto não poderá ser exportado para Europa porque não cumpre os requisitos higiénicos e sanitários. Apesar das críticas, o artigo alerta para o problema de saúde pública criado pelo consumo do grogue de má qualidade.
Através de uma peça, assinada pelo jornalista Willy Le Denvin e com ilustrações de um trapiche eléctrico na zona de Ribeira de Janela, o "Libération" dá conta que muitos camponeses e produtores recorrem a detergentes e ácidos para automóveis para fabricar este produto tradicional. Ressalta que, apesar de normas sanitárias existentes no país para a confecção do grogue, o Governo e a Inspecção Geral de Actividades Económicas enfrentam dificuldades em obrigar as pessoas a cumprir a lei.
Willy Le Denvin avança que anualmente mais de 200 mil litros do grogue de Santo Antão são enviados para São Vicente para serem consumidos, principalmente no Carnaval e em festas privadas. Um dado que preocupa o Governo, escreve o jornal francês, já que o aumento do consumo, especialmente entre os jovens, poderá provocar um "efeito dominó" nesta camada que compõe a maior parte da população cabo-verdiana.
E é por causa da péssima qualidade que o grogue não pode ser exportado para a Europa pois não cumpre requisitos higiénicos e sanitários, escreve Le Denvin. No seu artigo, o jornalista chega a comparar o grogue de Santo Antão a uma febre de 40 graus.
A título de exemplo, cita uma entrevista com um homem de Santo Antão chamado "Chico", que lhe relata a história de um primo que morreu vítima de enfarte por consumir grogue de má qualidade. Entretanto, além de falar dos malefícios deste produto, a publicação também denuncia o perigo que o excesso de cultivo da cana-de-açúcar representa para o ambiente e para a biodiversidade.
Segundo o jornalista, na ânsia de ter lucros, os camponeses da ilha das Montanhas estão provocar um declínio na biodiversidade porque abdicam de cultivar outros produtos como banana, batata-doce e café em troca de cana-de-açúcar do tipo CB14, que é uma espécie resistente a pragas e a mau tempo. A isso somam-se ainda os resíduos de combustão e os metais pesados extraídos da calda de cana, cujos desperdícios contaminam o ambiente.
Para ler o artigo na íntegra aceda aqui.
FONTE: ASEMANA - http://www.asemana.publ.cv
27 Abril 2014.
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